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terça-feira, 16 de outubro de 2012

O bichinho dos livros #1: "Flush" de Virginia Woolf



Esta pequena grande obra foi-me oferecida no Natal e ficou na pilha "para ler" até há umas semanas atrás. E ainda bem que assim foi pois é a leitura ideal para aquecer e arrebitar o espírito durante as primeiras chuvas de Outono. 

É um livro extremamente imaginativo de uma escritora que consegue, com uma facilidade extrema, transportar o leitor para a Inglaterra e Itália do século XIX. A verbalização dos pensamentos caninos e as descrições dos cenários em forma de odores transformam "Flush" numa imagem poética daquilo que é "o Cão". Qualquer dono e amante de animais vai certamente reconhecer traços do seu próprio cão neste spaniel tão especial. É uma história de amor profunda entre uma dona e o seu companheiro de quatro patas, com aventuras e desventuras que encantam e prendem do princípio ao fim. É emocionante, enternecedor e está escrito com uma mestria que só é possível a um escritor do gabarito de Virginia Woolf.

"Flush" tem tanto de biografia histórica como de conto ficcional e isso é, na minha opinião, notável. Toda a pesquisa histórica que foi necessária para escrever esta obra e a imagem que é passada da dona de Flush, a poetisa inglesa Elizabeth Barrett Browning, é impressionante e despertou em mim a curiosidade de ler os seus poemas. 

Para quem acha este género de livros demasiado "lamechas" ou "leve" (eu admito que usualmente me insiro neste grupo) vai ter uma excelente surpresa. Desengane-se se acha que esta obra é uma "novela" de fim de semana que apela ao sentimento... Na verdade, é um clássico da literatura de grande qualidade que vai agradar tanto ao leitor experiente e assíduo como ao leitor de ocasião e esse foi o principal motivo que me fez apaixonar por "Flush". 


Sinopse (retirada de fnac.pt):  

"Flush" é a biografia de um spaniel, mais concretamente do cão da poetisa inglesa Elizabeth Barrett Browning, autora de Sonetos Portugueses. Como escreve Fernando Guimarães no prefácio, a narrativa faz-se a partir de «vários pontos de vista que podem ser tanto os de Flush como os do narrador ou de outros personagens». Mas como é um cão o protagonista, muitas descrições das casas burguesas, dos jardins e dos bairros pobres da Inglaterra do século XIX são-nos dadas de um modo mais olfactivo do que visual.
Para Flush «o amor é sobretudo odor; a forma e a cor, odores; a música, a arquitectura, a lei, a política e a ciência são odores. Para ele a própria religião era um odor». 


Nota: 9/10



3 comentários:

  1. Depois deste post vou com toda a certeza ler o livro :)

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  2. Deve ser muito giro!!! Se ainda não leste aconselho-te também o Timbuktu do Paul Auster e o Cão como nós do Manuel Alegre, são do mesmo género e absolutamente fantásticos!!!!
    Bj S

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  3. Obrigada pelos comentários!

    S: O Cão como nós também já li! É um livro muito giro e também gostei bastante, mas acho que gostei mais deste "Flush". O Timbuktu não conheço, vou anotar! Obrigada!

    Bjnh

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